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quarta-feira, 16 de março de 2011

ARTE MEDIEVAL

Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, a Igreja Católica exerce forte controle sobre a produção científica e cultural. Essa ligação da cultura medieval com o catolicismo faz com que os temas religiosos predominem nas artes plásticas, na literatura, na música e no teatro. Em todas as áreas, muitas obras são anônimas ou coletivas.
                            Artes plásticas                                                                                 Criada para exaltar Deus e os santos católicos, a arte medieval difere da representação idealizada da realidade, típica da Antiguidade Clássica. As obras têm aspecto ornamental, com formas estilizadas. Predominam temas bíblicos, e a simetria é a base das composições.
         A arte mais desenvolvida é a arquitetura, com a construção de inúmeras igrejas. Entre os séculos VIII e X, surgem novas atividades, como a iluminura (ilustração manual de livros), a tapeçaria, a ourivesaria e os esmaltes. Com as invasões bárbaras, a arte adquire descontração e colorido.
         No século XII, desponta o estilo gótico, marco do período medieval. Embora de origem incerta, é na França que assume as características mais marcantes. Depois se espalha pela Europa e vigora até o século XV. O termo gótico é criado no Renascimento, com conotação pejorativa: godo era sinônimo de bárbaro. Na pintura e na escultura, usadas fundamentalmente para decorar templos, as figuras são esguias e delicadas. O tamanho dos personagens depende de sua importância social ou religiosa.
         Na transição para o Renascimento, a pintura incorpora o naturalismo e noções de perspectiva, que depois distinguiriam o classicismo. Um exemplo são os murais sacros do italiano Giotto (1266?-1337), considerado o primeiro artista a assinar uma pintura.

                            Literatura                                                                                                                                                  

As formas literárias medievais típicas são as novelas de cavalaria e o trovadorismo. Principal prosa da época, as novelas narram aventuras guerreiras, desenvolvendo temas ligados aos cavaleiros medievais, como a valentia, a fidelidade ao soberano e o cristianismo. A maioria das novelas tem caráter religioso, mas trata também do amor cortês, idealizador da mulher. Destacam-se as aventuras do lendário rei Artur, do País de Gales, que teria fundado a Ordem dos Cavaleiros da Távola Redonda. A assimilação das novelas de cavalaria pela Igreja, que as utiliza como instrumento doutrinário, faz surgir A Demanda do Santo Graal.
         O trovadorismo, que celebra formas idealizadas de amor, em geral platônico e inatingível, tem início no sul da França, no século IX, e domina o cenário literário europeu por dois séculos. Em Portugal, só aparece no fim do século XII. Poetas-cantores compõem poemas, chamados de cantigas, para ser cantados e acompanhados por instrumentos. As obras classificam-se em líricas – as cantigas de amor e de amigo – e satíricas – as cantigas de escárnio e de maldizer.
         No século XIV, em plena transição para o Renascimento, há grande produção literária, principalmente na Itália. Elementos do cristianismo misturam-se ao humanismo nascente. Francesco Petrarca (1304-1374), no Cancioneiro, glorifica o amor e fixa a forma do soneto. Dante Alighieri (1265-1321), na Divina Comédia, faz uma alegoria do percurso da alma em busca de Deus. Em Decamerão, Giovanni Boccaccio (1313-1375) mescla valores cristãos a temas burlescos.

                            Música                                                                                                                                      A música medieval caracteriza-se pela combinação das notas em modos, ou seja, de acordo com a função e o texto cantado, o compositor usa uma escala diferente. As principais formas musicais são as salmodias – cantos de salmos ou parte de salmos da Bíblia – e as himnodias, cantos realizados sobre textos novos, numa única melodia, sem acompanhamento. Com a expansão do cristianismo, no século VI a Igreja unifica a liturgia conforme as regras do papa São Gregório I, o Magno (540-604). O canto gregoriano, sempre em latim, língua oficial do catolicismo, é o único aceito nas igrejas. As composições baseiam-se na simplicidade, na austeridade e na homofonia – todos os cantores entoam a mesma melodia a uma só voz. No século XI, o monge beneditino Guido d''Arezzo (990-1050) sistematiza a notação musical, a base para a elaboração de partituras. Os sistemas de notação impulsionam a polifonia (duas ou mais melodias independentes superpostas), que no século XII desenvolve-se com a música dos compositores que atuam na Catedral de Notre Dame.
         No século XIII, surge a ars antiqua (arte antiga), cuja marca é a independência rítmica das melodias e a preocupação de compor uma música sem dissonância. As obras passam a ser assinadas, e cria-se a figura do compositor. Os principais são Petrus de Cruce e Adam de la Halle (1250-1306). No século XIV, desenvolve-se a ars nova (arte nova), movimento que busca romper com as regras até então aceitas.
         Em plena crise da Igreja, a música secular predomina sobre a sacra. A atividade de compositores profanos desse período é marcada pelos minnesangers e meistersangers germânicos e pelos trovadores franceses. Suas composições, de cunho popular, incluem canções de amor, canções de cruzadas, lamentações, duelos poético-musicais e baladas. Com maior liberdade de ritmo, aparecem novas formas vocais, como o rondó e o madrigal. Na área religiosa, a novidade são as missas. Um dos principais compositores é Guillaume de Machaut (1300-1377), autor da missa polifônica mais antiga que se conhece: Missa de Notre Dame (1364).
                   Teatro                                                                                                      Apesar de o teatro escrito no modelo greco-romano ser proibido pela Igreja Católica, a manifestação teatral sobrevive no início do período medieval com as companhias itinerantes de acrobatas, jograis e menestréis. A partir do século X, a Igreja adapta-o à pregação católica e às cerimônias religiosas.
         Dramas litúrgicos são encenados nas igrejas. Depois se desenvolvem outras formas, como milagres (sobre a vida dos santos), mistérios (discutem a fé e misturam temas religiosos e profanos) e moralidades (questionam comportamentos). As encenações passam a ser ao ar livre por volta do século XII e se estendem por vários dias. Aos poucos, os espectadores assumem papéis de atores, conferindo às apresentações um tom popular. Uma das primeiras obras independentes da liturgia é a francesa Le Jeu d''Adam (1170). Nessa época os textos, em geral, são anônimos. No século XIII, na Espanha, surgem os autos, peças alegóricas que tratam de temas religiosos, encenadas em palcos provisórios. A proibição, pela Igreja, da mistura de temas religiosos com profanos – processo que se consolida no fim do século XIV – provoca o aparecimento das comédias medievais, totalmente profanas. Uma peça importante é Farsa do Mestre Pierre Pathelim, do século XIV, que mostra advogados e juízes como trapalhões sem caráter. Na França, a primeira sala permanente de teatro é aberta no início do século XV. A primeira companhia profissional da Inglaterra é montada em 1493.


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